terça-feira, 9 de março de 2010

Expectativas para o 1º ano

1º ANO - MOVIMENTO, BRINCAR, CUIDAR DE SI, DO OUTRO E DO AMBIENTE As crianças do 1º ano têm o direito de expressar-se também por meio da brincadeira, do movimento, de conhecer seu corpo, suas habilidades motoras exercitando-as, cuidando cada vez melhor de si, do outro e do ambiente. Para isso a escola de Ensino Fundamental, precisa oferecer diferentes oportunidades para que a criança brinque, valorize a atividade física, adquira autoconfiança, e desenvolva ações para garantir seu bem-estar e os cuidados com ambiente.
Fonte RCNEI-PCNS

EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEM

1. Brincar por conta própria e interagir com os colegas
* Brincar de: faz- de conta, escolhendo temas, enredos papéis e companheiros.

Condições didáticas
* Organizar espaço, materiais e tempo para que a criança brinque diariamente.

2. Brincar de jogos de construção
* Construir só ou com amigos estruturas de blocos de madeiras, papelão, panos etc. para brincar de temas variados.

Condições Didáticas
* Observar as brincadeiras para registrar as capacidades infantis ligadas à linguagem oral, às interações e socialização, intervindo apenas quando se fizer necessário

3. Ampliar as possibilidades expressivas do próprio movimento
* Usar estruturas rítmicas para expressar-se por meio da dança, brincadeiras e outros movimentos.

Condições Didáticas
* Oferecer diversidade de apresentações que envolvam a dança para que a criança aprecie utilizando DVDs, e apresentações ao vivo quando possível.
* Instigar na observação de diferentes tipos de danças apoiando a descoberta e o interesse das crianças

4. Explorar diferentes qualidades e dinâmicas do movimento
* Desenvolver progressivamente a coordenação,o equilíbrio, a força, velocidade , a resistência, a flexibilidade.

Condições Didáticas
* Propor atividades físicas que envolvam: correr, pular, jogar, nos espaços externos e internos
* Oferecer oportunidades de jogar com regras jogos tradicionais usando bolas, cordas, tacos etc.

5. Apropriar-se progressivamente da imagem global de seu corpo, construindo auto- confiança em suas habilidades físicas
* Perceber e identificar sensações físicas, limites e potencialidades de seu corpo.

Condições Didáticas

* Tornar observável para a criança modificações corporal após exercícios mais intensos e mais calmos.
* Propor jogos que envolvam que envolvam interação, imitação e reconhecimento de partes do corpo.
* Valorizar as conquistas corporais, incentivar as habilidades motoras.

6. Aprender a cuidar de si no cotidiano, com segurança e autoconfiança, cuidar do outro e do ambiente

* Identificar necessidades físicas e saber satisfazê-las com independência.Exemplo sede, frio, calor etc.
* Aprender cuidados básicos de higiene. Exemplo: lavar as mãos após ida ao banheiro e antes de comer.
* Movimentar-se com segurança identificando situações cotidianas de risco contra sua integridade física.
* Oferecer ajuda a um colega quando se fizer necessário.
* Desenvolver hábitos de cuidados com o ambiente, reciclagem, economia de água etc.

Condições Didáticas

* Criar condições para que as crianças possam atender necessidades físicas com independência.
* Ensinar e oferecer condições para o auto-aprendizado dos cuidados de saúde.
* Tornar observável para a criança possíveis áreas de risco, auxiliá-la a identificar códigos identificadores de perigo.
* Chamar a atenção para as necessidades de colegas.
* Instituir hábitos de reciclagem e economia de água.

1º ANO - EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEM: LÍNGUA PORTUGUESA

As crianças do 1º ano têm o direito de aprender e desenvolver competências em comunicação oral , em ler e escrever de acordo com suas hipóteses. Para isto é necessário que a escola de Ensino Fundamental promova oportunidades e experiências variadas para que elas desenvolvam com confiança cada vez mais crescente todo o seu potencial na área e possam se expressar com propriedade por meio da linguagem oral e escrita
Fontes:Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil-RCNEI-MEC-Diretrizes Nacionais para a Educação Infantil-Orientações Curriculares- Expectativas de Aprendizagens e Orientações Didáticas para Educação Infantil –SME-PMSP

EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEM
1. Comunicar-se no cotidiano
*Expressar oralmente seus desejos, sentimentos, idéias e pensamentos.
*Relatar fatos que compõem episódios cotidianos, ainda que com apoio de recursos e/ou do professor.
*Escutar atentamente o que os colegas falam em uma roda de conversa, respeitando opiniões, ocupando seu turno de fala adequadamente.
* Comentar notícias veiculadas em diferentes mídias: rádio, TV, internet, jornais, revistas, etc.
* Usar o repertório de textos de tradição oral tais como parlendas, quadrinhas, adivinhas, para brincar e jogar.
* Reconhecer e utilizar rimas.
* Organizar oralmente as etapas de uma instrução (uma receita ou as regras para uma brincadeira etc.) com apoio do professor.
CONDIÇÕES DIDÁTICAS
* Criar situações em que a crianças possa expressar-se oralmente.
* Solicitar relatos sobre episódios do cotidiano, ouvindo com atenção, considerando a criança um interlocutor real.
* Criar situações em que as crianças tenham que ouvir os colegas, por exemplo; nas rodas de conversa, atentando para os comportamentos necessários à interlocução.
* Ler para crianças notícias interessantes e solicitar comentários pessoais.
* Ler e ensinar para os alunos, parlendas, quadrinhas, adivinhas, etc.
* Tornar observável para as crianças, as rimas e repetições.
* Trabalhar com as crianças a elaboração de receitas e ensinar jogos de regras lendo as instruções e apoiando o jogo entre elas
2. Comunicar-se em situações formais (para interlocutores mais experientes)
* Dar explicações de fatos e fenômenos sociais e/ou naturais utilizando procedimentos de comunicação oral para um público específico (pais, alunos de outras turmas etc.).
CONDIÇÕES DIDÁTICAS
* Desenvolver projetos didáticos e ou seqüência que envolvam observação,pesquisa e informação em livros e na internet sobre conhecimentos da Natureza ou Sociais
3. Ler ainda que não convencionalmente
* Identificar parlendas, quadrinhas, adivinhas e outros textos de tradição oral apresentados pelo professor.
* Ajustar o falado ao escrito a partir dos textos já memorizados tais como parlendas, quadrinhas e outros do repertório de tradição oral.
* Localizar palavras num texto que se sabe de memória tais como as brincadeiras cantadas, adivinhas, quadrinhas, parlendas e demais textos do repertório da tradição oral.
* Localizar um nome específico numa lista de palavras do mesmo campo semântico (nomes, ingredientes de uma receita, peças do jogo etc.).
* Ditar para o professor bilhetes, cartas, textos instrucionais etc.
* Diferenciar publicações tais como jornais, cartazes, folhetos, textos publicitários etc.
* Distinguir algumas características básicas dos textos informativos e jornalísticos e conhecer os diferentes usos e funções desses portadores.
* Localizar informações explícitas no texto.
* Antecipar significados de um texto escrito a partir das imagens / ilustrações que o acompanham.
* Identificar legendas e levantar hipóteses sobre seu significado.
* Ler legendas ou partes delas a partir das imagens e de outros índices gráficos.
* Apreciar e ler por prazer.
* Diferenciar tipos de livros, literários, informativos e demais suportes de texto e nomeá-los, conhecendo seus usos.
* Procurar informações, em imagens, de livros e enciclopédias sobre assuntos relacionados a plantas, corpo humano, animais, entre outros.
* Emitir comentários pessoais e opinativos sobre o texto lido.
CONDIÇÕES DIDÁTICAS
* Criar oportunidades de leitura: de parlendas, quadrinhas etc. Solicitando que a criança diga onde está escrita determinada expressão, palavra.
* Efetuar atividades que envolvam a identificação de nomes das crianças da sala, e diferentes listas usando práticas sociais, tais como chamadas, elaboração de lista de material para festa etc.
* Oferecer oportunidades freqüentes de contato com diferentes suportes de texto, tornando observáveis as características lingüísticas, estruturais e função social.
* Tornar observável a relação entre imagem e texto, chamando atenção para os recursos que o ilustrador usou para transmitir idéias
* Oferecer momentos de leitura, manuseio de livros de maneira livre.
4. Desenvolver comportamentos leitores
* Desenvolver comportamentos para escutar leitura de histórias com atenção.
CONDIÇÕES DIDÁTICAS
* Ler narrativas e contos para as crianças tornando observáveis as linguagens próprias a este tipo de texto explicitando os comportamentos leitores.
5. Apropriar-se da linguagem dos contos e narrativas
* Utilizar elementos da linguagem que se escreve no reconto de narrativas.
* Narrar histórias utilizando recursos expressivos próprios.
* Antecipar significados de um texto escrito a partir das imagens / ilustrações que o acompanham.
* Relacionar texto e imagem e antecipar sentidos na leitura de quadrinhos, tirinhas e revistas de heróis.
* Reconhecer nomes dos personagens dos quadrinhos e reconhecer suas características principais.
CONDIÇÕES DIDÁTICAS
* Solicitar que as crianças recontem após ouvir leituras de contos.
* Ler narrativas e contos para as crianças tornando observáveis as linguagens próprias a este tipo de texto explicitando os comportamentos leitores.
* Criar situações em que as crianças possam antecipar os sentidos do conteúdo dos textos olhando as imagens.
* Criar situações em que as crianças possam antecipar os sentidos das histórias em quadrinho, tirinhas e revistas de heróis.
* Levantar coletivamente com as crianças personagens e suas características após s leitura.
6. Produzir textos escritos ainda que não saiba escrever convencionalmente
* Usar conhecimentos sobre as características estruturais dos bilhetes, das cartas, e-mails ao produzir um texto, ditando ao professor.
* Usar conhecimentos sobre as características estruturais das narrativas clássicas ao produzir um texto, ditando ao professor, respeitando as normas da linguagem que se escreve.
* Revisar textos escritos coletivamente com apoio do professor.
CONDIÇÕES DIDÁTICAS
* Criar oportunidades de escritas coletivas de bilhetes, cartas e textos instrucionais tornando observáveis suas características gráficas, estruturais e função social.
* Criar oportunidades de escrever coletivamente contos tornando observáveis suas características gráficas, estruturais e função social.
* Presença de situações onde as crianças possam revisar os textos produzidos coletivamente, tornando observáveis recursos de compreensão, expressões de linguagem escrita, formas de evitar repetição.
7. Uso de texto fonte para escrever de próprio punho
* Recorrer a alfabeto exposto na sala, quadro de presença, listas diversas etc., para escrever em situações de prática social.
* Escrever o nome próprio e o de seus colegas onde isto se fizer necessário.
* Produzir listas em contextos necessários a uma comunicação social: lista de ingredientes para uma receita, títulos de histórias lidas, brincadeiras preferidas etc.
CONDIÇÕES DIDÁTICAS
* Presença de alfabeto em letra bastão (sem enfeites e desenhos), lista de nomes etc. para apoiar a pesquisa gráfica da criança para escrever de próprio punho.
* Criar oportunidades para que os alunos escrevam listas com função social real.
8. Demonstrar consciência crescente sobre as regularidades do sistema de escrita
* Arriscar-se a escrever segundo suas hipóteses.
* Refletir em dupla sobre seus escritos demonstrando a capacidade de rever a produção inicial
CONDIÇÕES DIDÁTICAS
* Promover situações nas quais as crianças sejam levadas a pensar sobre as especificidades do sistema e escrita alfabética
* Ler para as crianças diferentes tipos de livros e textos tornando observáveis os comportamentos leitores necessários para cada tipo de suporte de texto.
1º ANO - EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEM: MATEMÁTICA

As crianças do 1º ano têm o direito de usar seus conhecimentos e habilidades para resolver problemas, raciocinar,calcular, medir, contar , localizar-se, estabelecer relações entre objetos e formas. Para isto é necessários que a Escola de Ensino Fundamental promova oportunidades e experiências variadas para que elas desenvolvam com confiança cada vez mais crescente todo o seu potencial na área .
Fontes: PCNS, RCNEI, Matemática é D+ FVC

1. Usar números no cotidiano e efetuar operações

* Atribuir significado, produzir e operar números em situações diversas de acordo com suas hipóteses.
* Refletir acerca das regularidades do sistema numérico.
* Produzir escritas numéricas ainda que não seja registro convencional.
* Saber ouvir as explicações de seus colegas respeitando as diferentes soluções encontradas.
* Incorporar soluções, reestruturar e ampliar idéias nos problemas apresentados.
* Realizar contagens orais de objetos usando a seqüência numérica.
* Comunicar quantidades, utilizando linguagem oral, notação numérica ou registros não convencionais.
* Construir procedimentos de agrupamentos a fim de facilitar a contagem e comparação entre duas coleções.
* Indicar o número que será obtido se forem retirados objetos de uma coleção dada.
* Indicar o número de objetos que é preciso acrescentar a uma coleção para que ela tenha tantos elementos quantos os de outra coleção dada.

Condições Didáticas

* Propor atividades que envolvam o sistema de numeração e o uso dos números em diferentes situações.
* Promover sequências didáticas e ou projetos didáticos nos quais as crianças precisem escrever os números ( por exemplo, idade, telefone, numeração do calçado, peso altura etc.) auxiliando para que se tornem observáveis as regularidades.
* Garantir que todas as crianças tenham espaço, em algum momento, para expor o que pensam e fazem.
* Criar situações em que as crianças ouçam as soluções que os colegas acharam para os problemas e reavaliem suas soluções caso seja apropriado.
* Criar oportunidades de contagens em situações de práticas sociais reais, por exemplo, usando coleções de objetos de interesse das crianças.
* Verificar como as crianças fazem contagens e que estratégias usam.

* Possibilitar usar jogos de tabuleiro e de regras que necessitem marcar pontos.
* Criar oportunidades nas quais as crianças tenham que comparar quantidades de forma contextualizada
* Propor problemas que envolvam somar e subtrair.
* Criar situações problema envolvendo ações de transformar e acrescentar.

2. Estabelecer relações entre espaço, objetos, pessoas e forma

* Identificar pontos de referência para indicar sua localização na sala de aula.
* Indicar oralmente a posição onde se encontra no espaço escolar e representá-la por meio de desenhos.
* Indicar o caminho para se movimentar no espaço escolar e chegar a um determinado local da escola e representar a trajetória, por meio de desenhos.

Condições Didáticas

* Propor situações em que a criança tenha que se situar no espaço, deslocar-se nele, dê e receba instruções de localização.
* Propor atividades que as crianças possam representar a posição de um objeto e ou pessoa estática ou em movimento.
* Propor atividades nas quais as crianças tenham que construir utilizando desenhos seu itinerário, solicitando pontos de referência

3. Explorar diferentes procedimentos para medir objetos e tempo

* Comparar tamanhos, estabelecer relações.
* Utilizar-se de expressões que denotam altura, peso, tamanho etc.
* Pensar e desenvolver estratégias próprias e ou com colegas para medir, pesar e produzir representações dos dados encontrados.
Identificar dias da semana, meses do ano, horas.

Condições Didáticas

* Propor atividades nas quais as crianças tenham que medir, e ou pesar usando instrumentos não convencionais e convencionais tais como fita métrica, régua, balança etc.
* Oferecer atividades em que as crianças precisem calcular por exemplo, quantos passos é preciso dar para chegar a um determinado local etc.
* Trabalhar diariamente com o calendário para identificar o dia do mês e registrar a data


1º ANO - EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEM: ARTES

As crianças do 1º ano têm o direito de conhecer a produção artística, expressar sua criatividade compartilhando: pensamentos, idéias e sentimentos também por meio de atividades de exploração envolvendo artes visuais e música, reconhecidas como linguagem e conhecimento. Para isto a escola de Ensino Fundamental deverá oferecer diferentes situações de contato com a produção artística , possibilitando o fazer e o apreciar.


EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEM

1. Reconhecer elementos básicos da linguagem visual

* Identificar algumas técnicas e procedimentos artísticos presentes nas obras visuais
* Apreciar externando opiniões, sentimentos reproduções de obra de arte em livros, internet, documentário, museus, casas de cultura, ateliers

Condições Didáticas

* Oferecer diversidade de produções artísticas para que a criança aprecie
* Instigar na observação das obras, a descoberta e o interesse das crianças
* Escolher artistas cujas obras sejam significativas para as crianças quer pelo uso de temas ou técnicas e suportes
*Pesquisar junto com as crianças em livros, internet museus e ao vivo com artistas locais, informações interessantes sobre o artista e obras analisadas

2. Utilizar elementos da linguagem visual para expressar-se

* Desenhar, pintar, esculpir, produzir colagens etc. transformando, produzindo novas formas, pesquisando materiais, pensando sobre o que se produz

* Explorar espaços e materiais bidimensionais e tridimensionais em seus projetos
* Valorizar suas produções e de seus colegas

Condições Didáticas

*Organizar um espaço para dispor os materiais e suportes necessários à produção e criar sistemática de uso
* Promover situações que as crianças possam produzir em argila, massa de modelar, e demais recursos que permitam a tridimensionalidade
* Expor com estética e cuidado as produções das crianças, socializar em roda de conversa, por exemplo, as soluções encontradas para produzir com singularidade

3. Reconhecer elementos básicos da linguagem musical

* Conhecer repertório de músicas não só infantis, mas,populares, clássicas etc.

Condições Didáticas

* Oferecer diversidade de produções musicais para que a criança aprecie, por meio de CDs, DVDs de apresentações e apresentações ao vivo
* Instigar na observação das obras, a descoberta e o interesse das crianças por detalhes sonoros, identificação de instrumentos etc.
* Escolher artistas cujas obras sejam significativas para as crianças quer pelo uso de temas, intencionalidade, diversidade regional
* Pesquisar junto com as crianças em livros, internet, e com o próprio ( em caso de artistas locais) informações interessantes sobre o artista e sobre a sua produção





4. Utilizar-se dos elementos básicos da linguagem para expressar- se musicalmente

* Fazer arranjos simples, interpretar, utilizando a voz, sons feitos com o corpo materiais sonoros convencionais e não convencionais, instrumentos musicais e tecnologia
* Explorar as diferentes propriedades do som

Condições Didáticas

* Organizar um espaço para dispor os materiais sonoros necessários à experimentação, e improvisações etc.
* Propor a construção de objetos sonoros
* Propor atividades que tornem observáveis altura, timbre, intensidade
* Promover situações que as crianças apresentem-se para públicos diversos as canções que aprenderam e as produções sonoras.

TEXTO COM SENTIDO

Abandonar as chatas cartilhas, as famílias silábicas e enxergar o erro como expressão do processo de aprendizagem foram as principais inovações da Escola da Vila
Andréa Luize
Desde a implantação da Escola da Vila, uma das preocupações da equipe foi estruturar um trabalho baseado na proposta construtivista. Tarefa árdua numa época em que a concepção tradicional de ensino e aprendizagem era dominante! Passados esses anos, as contribuições desta instituição aos avanços da Educação têm sido fundamentais: o que fora considerado ousadia, hoje se mostra como um ponto de referência para as mais diversas escolas e profissionais. As idéias construtivistas acerca do processo de alfabetização vêm sendo cada vez mais divulgadas: as práticas tradicionais não mais encontram espaço onde se busca uma alfabetização atualizada e de qualidade.
Em 1983, a partir de um primeiro contato com as idéias apresentadas por Emília Ferreiro e Ana Teberosky, começou-se a repensar a prática cotidiana em sala de aula. Sabemos, atualmente, que um sujeito plenamente alfabetizado é aquele capaz de atuar com êxito nas mais diversas situações de uso da língua escrita. Dessa maneira, não basta ter o domínio do código alfabético - saber codificar e decodificar um texto: é preciso conhecer a diversidade de textos que circulam socialmente, suas funções e também os procedimentos adequados para interpretá-los e produzi-los. O processo de alfabetização, assim entendido, estende-se ao longo de toda a escolaridade e tem início muito antes do ingresso da criança na escola, em suas primeiras tentativas de compreender o universo letrado que a rodeia. Também implica tomar como ponto de partida o texto, pois este, sim, é revestido de função social - e não mais as palavras ou muito menos as sílabas sem sentido.
Transformações - As idéias trazidas pelas autoras citadas, entre outros pesquisadores, indicavam como a criança aprende, como constrói seus conhecimentos sobre a língua, mas não fornecia "modelos" de como atuar pedagogicamente para favorecer seus avanços. Da mesma forma, não mostrava como os diferentes tipos de textos deveriam ser trabalhados em sala de aula. Era preciso construir efetivamente intervenções pedagógicas adequadas, consistentes e condizentes com aqueles conhecimentos teóricos, o que só foi possível a partir de experiências, investigações e muita reflexão por parte dos professores.
Naquele período, o processo de alfabetização na Escola da Vila tomava como base a idéia de palavra-chave que era utilizada como unidade lingüística. A escolha dessas palavras não acontecia aleatoriamente, mas buscava-se um vocábulo que tivesse um real significado para o grupo-classe, que fosse extraído de suas experiências. As palavras apareciam na medida em que o grupo ia construindo sua história: TOMATE, SAPO, ZEZÉ, MENUDO, PIPA, VIVEIRO. O objetivo era sistematizá-las, tornando-as familiares ao grupo, para que as crianças pudessem, aos poucos, utilizá-las na escrita de outras palavras: era preciso que conseguissem decompor a palavra em sílabas e recompor essas sílabas em outras palavras: MEDO, MATE, MAPA…
É importante afirmar que a opção por essa metodologia já se mostrava inovadora, pois resultava na certeza de que a cartilha, e a concepção que traz consigo, não era o recurso mais favorável à aprendizagem da escrita, acima de tudo por ser destituída de qualquer significado e apresentar textos desconexos apenas para garantir a "memorização das famílias silábicas". Trabalhar com esse instrumento era acreditar que o ato de ler e escrever podia ser aprendido mecanicamente através do treino, da cópia repetitiva e principalmente da memorização. Essa não era a escolha da Escola da Vila!
Escrita espontânea - Foi através da leitura e análise do livro "Psicogênese da língua escrita", das autoras já referidas, que algumas mudanças na prática foram sendo estabelecidas. Em 1986, a Escola da Vila adotou a escrita espontânea, em que a criança é solicitada a escrever antes mesmo de dominar o código alfabético. Compreendeu-se que a criança, desde muito cedo, possui hipóteses em relação à forma como se escreve. Colocá-las em prática, confrontando-as com as idéias dos colegas e com modelos permite que avance até a conquista da escrita convencional.
Mesmo assim, a utilização das palavras-chaves era mantida, pois a concepção do que torna um sujeito alfabetizado ainda era restrita. Não havia clareza sobre o que fazer quando uma criança já estava alfabética (já lia e escrevia convencionalmente). A Escola da Vila ainda não havia estabelecido um procedimento para dar continuidade ao trabalho e, de fato, não se tinha idéia da amplitude do processo de alfabetização. Isso pode ser exemplificado pela cisão existente entre o trabalho que objetivava o domínio sobre o código alfabético e o trabalho com a produção de textos: a Escola da Vila acreditava que o primeiro deveria anteceder o segundo; não era clara a idéia de que aconteceriam paralelamente.
Escrita e linguagem escrita - Mais uma vez, a busca por respostas a tantas questões esteve atrelada às reflexões do grupo de profissionais da Escola da Vila, contando com a colaboração da pesquisadora Ana Teberosky, que realizou uma supervisão junto à equipe, em 1986. Dentre as várias contribuições trazidas por essa autora, uma das mais significativas foi a diferenciação entre escrita e linguagem escrita, consideradas, ambas, parte de um mesmo processo, o processo de alfabetização.
Para Teberosky, a escrita deve ser entendida como um sistema de notação, que no caso da língua portuguesa é alfabético (conhecer as letras, sua organização, sinais de pontuação, letra maiúscula, ortografia etc.). A linguagem escrita é definida como as formas de discurso, as condições e situações de uso nas quais a escrita possa ser utilizada (cartas, notícias, relatos científicos etc.).
Na prática, no dia-a-dia da sala de aula, tudo isso se concretizou em mudanças gradativas nas propostas e intervenções feitas junto às crianças. Em primeiro lugar, era preciso tomar por base o texto, e não mais as palavras-chaves, como o modelo que permitirá à criança construir conhecimentos sobre a escrita e suas formas de representação. O texto deveria ser o elemento fundamental para inserir a criança no universo letrado!
Além da escrita espontânea já introduzida anteriormente, também o trabalho com modelos, que permitem às crianças confrontarem suas hipóteses com o convencional, passou a ser considerado. Através de listas de palavras de um mesmo campo semântico (animais, comidas prediletas, personagens de gibi, brinquedos, jogos favoritos, nomes das crianças do grupo etc.), das parlendas e de outros textos, as crianças podem, hoje, ampliar suas concepções e avançar na aquisição da base alfabética, como também na compreensão de outros aspectos aqui inerentes (a grafia correta das palavras, o uso de sinais gráficos etc.).
Paralelamente, os diferentes tipos de textos precisam aparecer como objetos de análise em si mesmos, permitindo aos alunos diferenciá-los, conhecer melhor suas funções e características específicas. Para que isso se efetive, não só é necessário que saibam interpretá-los, como também escrevê-los (o que é de fato imprescindível!). A expressão pessoal - cartas, bilhetes, diários etc. - continua fazendo parte de nosso trabalho, mas acompanhada, na mesma medida, da escrita de outros textos, inclusive apoiada em modelos.
Todos esses avanços - e principalmente a concepção que temos hoje sobre a alfabetização - permitem caracterizar o trabalho realizado na Escola da Vila por sua qualidade. Também é importante lembrar que a preocupação com essa qualidade faz com que os profissionais que aqui atuam estejam em constante capacitação, a fim de aprimorar cada vez mais as intervenções pedagógicas realizadas e o atendimento às necessidades de cada criança.

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